Poiares: Comunidade escolar manifesta-se contra cortes no financiamento ao Colégio Salesiano
22 de Dezembro de 2010
Poiares: Comunidade escolar manifesta-se contra cortes no financiamento ao Colégio Salesiano
Autarquia na linha da frente
O decreto-lei aprovado em Conselho de Ministros no dia 4 de Novembro prevê cortes nos apoios aos colégios com contrato de associação. Essa medida tem aplicação prevista para Janeiro de 2011, ou seja, a meio do ano lectivo.
Os contratos de associação nasceram nos anos 80 com o objectivo de proporcionar um ensino gratuito nos locais onde não havia escolas públicas. Entre eles, o Colégio Salesiano de Poiares que durante 30 anos substituiu o Ministério da Educação, assegurando o acesso a um ensino de qualidade e de referência, baseado num principio de igualdade.
A aplicação deste decreto-lei a partir de Janeiro compromete a estabilidade do Colégio Salesiano de Poiares, atendendo a que a planificação para o corrente ano lectivo foi efectuada de acordo com a verba anualmente atribuída pelo Ministério da Educação. O corte no financiamento compromete o projecto educativo delineado, bem como os postos de trabalho dos professores contratados para o efeito. A medida condiciona a actividade do Colégio, que deixa de saber até quando poderá custear as despesas correntes. Da mesma forma, os encarregados de educação deixam de saber até quando os educandos poderão frequentar a instituição. Pela frente, têm um futuro de incertezas.
Diante disto, os alunos, encarregados de educação, professores e dirigentes do Colégio Salesiano de Poiares manifestaram-se no passado Domingo, 19 de Dezembro, contra os cortes no financiamento dos estabelecimentos de ensino com contrato de associação com o Estado.
O presidente do Município do Peso da Régua integrou a manifestação, declarando-se preocupado com o futuro desta instituição. Uma preocupação que é comum aos autarcas das freguesias e concelhos que o Colégio Salesiano serve.
A funcionar desde 1980, o Colégio Salesiano de Poiares ministra o segundo e terceiro ciclos do ensino básico, cursos de educação e formação, dispondo de actividades de complemento curricular como desporto, formação musical e actividades culturais. Dispõe ainda de Internato.
Actualmente, com cerca de 400 alunos, encontra-se numa situação privilegiada no sentido em que se encontra equipado com 9 campos de jogos, 2 salas de desporto e um pavilhão desportivo, superiorizando-se em relação aos estabelecimentos de ensino da rede pública. Metade dos alunos inscritos no Colégio Salesiano de Poiares são de outros concelhos o que confirma a importância inter-concelhia que o mesmo adquiriu, bem como o reconhecimento e confiança por parte dos Encarregados de Educação neste estabelecimento de ensino.
Tem havido ao longo dos anos um grande investimento na criação de infra-estruturas desportivas e culturais por parte do Colégio Salesiano de Poiares, dando, dessa forma, resposta a necessidades não só da população local, mas concelhia e regional, assumindo e
desempenhando de forma cabal, responsabilidades do sector público. Tudo isto reafirma a importância do trabalho consolidado ao longo de 30 anos.
Aquando da elaboração da Carta Educativa, o Município do Peso da Régua considerou sempre o Colégio Salesiano de Poiares como fazendo parte da estrutura escolar concelhia, contando com a capacidade de oferta a nível do 2.º e 3.º ciclos, que a rede pública não tem.
Nuno Gonçalves, presidente do Município do Peso da Régua, considera que os cortes no financiamento não podem ser efectuados a partir de Janeiro, sob risco de comprometimento do ano lectivo para os 400 alunos inscritos no Colégio Salesiano, bem como para todo o pessoal docente e não docente que presta serviço a esta instituição.
Apesar desta ser uma medida nacional, o Autarca considera ainda que os cursos de funcionamento do Colégio são compatíveis com as do Ministério da Educação. Esta posição oficial foi transmitida à Direcção da instituição, a quem foi declarado total apoio, no sentido do futuro ser acautelado.
Para já, a perspectiva de aplicação do decreto-lei compromete a estabilidade do Colégio Salesiano, dando lugar a grande indefinição quanto à continuidade do seu funcionamento. Por parte dos pais e encarregados de educação existe falta de confiança num futuro, talvez próximo, onde a vida dos seus educandos sofrerá mudanças bastante significativas.