Município do Peso da Régua quer recuperar Fonte do Milho
10 de Fevereiro de 2009
Município do Peso da Régua quer recuperar Fonte do Milho
Parceria com a Direcção Regional da Cultura do Norte viabiliza projecto
O Município do Peso da Régua, em parceria com a Direcção Regional da Cultura do Norte, está a trabalhar numa candidatura ao ON2, a apresentar até Abril do corrente ano, com vista à valorização da Estação Arqueológica da Fonte do Milho. Para além do estudo e valorização das ruínas, o projecto prevê ainda a construção de um núcleo museológico interpretativo da Fonte do Milho, na freguesia de Canelas.
O Município do Peso da Régua considera que preservar e reabilitar a Estação Arqueológica da Fonte do Milho, que encerra um património histórico e cultural de grande dimensão, é fundamental, na medida em que, cada vez mais, a Memória se constitui um factor de diferenciação positiva.
O Município considera ainda que o património do Peso da Régua, em particular, e da Região Demarcada do Douro, num sentido mais abrangente, é a génese da existência colectiva, garante de identidade e seu vector de desenvolvimento, pois nunca como hoje a necessidade da memória se tornou tão fundamental para a caracterização e consolidação da identidade de um povo.
Classificada como Monumento Nacional desde a década de cinquenta e ocupando cerca de um hectare, a Estação arqueológica do Alto da Fonte do Milho, ou Castellum Romano, como também é conhecida, está implantada num esporão sobranceiro ao vale do rio Douro, numa área actualmente abrangida pelas freguesias de Poiares e de Canelas.
Terá sido somente em 1938, durante umas obras conduzidas no local, que o sítio foi identificado pelo conhecido médico e escritor João Maria Araújo Correia, após tomar conhecimento do surgimento na Fonte do Milho (então da propriedade de José Albino Fernandes) de uma "piscina" decorada com mosaico, com uma gramática decorativa aproximada à registada em Milreu, segundo a análise efectuada na época pelo conhecido arqueólogo, historiador da Arte e professor da Universidade de Coimbra, Virgílio Correia Pinto da Fonseca.
Com vestígios de ocupação datáveis de um período que mediará entre o século I d. C. e o Baixo Império (séculos IV/V d. C.), esta villa romana apresenta um sistema defensivo constituído por duas linhas de muralha erguidas em xisto com o respectivo acesso localizado a SO, característica que, no conjunto, lhe tem conferido a designação geral de castellum ou de villa fortificada.
As investigações arqueológicas empreendidas por Fernando Russell Cortez neste sítio a partir de finais dos anos quarenta revelaram a existência de algumas dependências originalmente vocacionadas para a actividade agrícola, de entre as quais se destacará a presença de um lagar - ou torcularium - de vinho e de azeite, a atestar bem a importância que o cultivo e a produção vinícola alcançaram nesta zona logo no início do primeiro milénio da nossa Era. Quanto à parte habitacional desta villa, foram encontrados diversos mosaicos policromos decorados com figurações de peixes a cobrir uma banheira com cerca de um metro de fundura.
Alguns dos artefactos recolhidos durante as escavações encontram-se actualmente em exposição no Museu de Lamego.
O Património, a sua recuperação e conservação, constituem um recurso estratégico não só local e/ou regional, mas sobretudo nacional, sendo, por isso, continuamente assumidos como uma prioridade de actuação pelo Município do Peso da Régua. O investimento que o Município do Peso da Régua pretende fazer na Estação Arqueológica da Fonte do Milho vai no sentido de resgatar as origens das gentes reguenses.